Muelle E Os Salta-Pedras

Muelle E Os Salta-Pedras

Por Dr. Paulo Fanha (Traductor), Rafael Estrada

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Sinopsis

Alguma vez vos contei a história de Muelle?  Muelle era um menino com nariz de rato, olhar sonhador e cabelos de ouriço. Acreditava que podia fazer qualquer coisa a que se propusesse, tão inocente que ele era. —Gostaria de saltar como os salta-pedras —disse um dia, quase sem saber porquê, suficientemente alto, como que para que os demais o ouvissem.  A sua mãe, Ballesta, sorriu como fazem as mães; Resorte, o seu pai, tossiu como tossem os pais; e o avô, acenou com a cabeça para cima e para baixo.  Tudo isto acontecia numa manhã ensolarada, quando o Inverno começava já a despedir-se de Pedregal. A relva, deixava-se cair para um lado e depois para o outro, porque o vento assim o queria.  Ballesta, mais que ninguém, conhecia a tendência de Muelle a imaginar coisas impossíveis. Penteava-lhe os dois remoínhos insubmissos, com toda a paciência de uma mãe, e preguntou-lhe: —Que loucura é essa de sonhar com saltar, como se não houvesse salta-pedras? —Ah, não é nenhuma loucura, mamã! Certamente que se pode fazer com um pouquito de práctica.  —Mas filho, não compreendes que isso é como dizer que à força de te regar, poderás algum dia chegar a dar laranjas ou peras?  Muelle desviou a cabeça e franziu o nariz, esforçando-se por entender o que a sua mãe lhe queria dizer. Depois, com um sorriso respondeu-lhe:  —Tu sabes que não é a mesma coisa, mamã.  Em momento algum lhe ocorreu discutir com o seu filho, porque sabia quão teimoso ele conseguia ser. Por isso, continuou a penteá-lo, olhando para a janela, talvez esperando que dali pudesse vir algum tipo de resposta. Como assim não aconteceu, encolheu os ombros, deixando os remoínhos e Muelle como impossíveis.  —Anda, querido —disse-lhe—, toma o pequeno-almoço. Tudo isto acontecia numa manhã ensolarada, quando o Inverno já começava a despedir-se de Pedregal. A

Rafael Estrada